A data celebra o dia em que o brasileiro Alberto Santos Dumont realizou o primeiro voo de um aparelho mais pesado que o ar impulsionado por motor próprio, o famoso 14-bis. Mas será que essa é toda a história?

O icônico voo do 14-bis foi oficialmente registrado pela Comissão do Aeroclube da França, que concedeu ao inventor brasileiro o prêmio Archdeacon, que concedia 3000 francos para quem voasse 25 metros com um objeto mais pesado que o ar.

O prêmio não exigia que o aparelho tivesse motor e, portanto, podia contar com o auxílio de balão para a sustentação. Santos Dumont começou seus experimentos para conquistar os céus com dirigíveis, que ele catalogava por números. Foram 14 ao todo. O chamado Nº 14, de 1905, tinha 41 metros de comprimento, 3,4 de diâmetro, 186 metros cúbicos de hidrogênio e um motor de 14 cavalos-vapor.

Foi em 1906 que, deixando de lado os dirigíveis, Santos Dumont começou a investigar os planadores (inspirado pelo cientista inglês George Carley). Em julho de 1906, Santos Dumont construiu uma máquina híbrida, um planador acoplado a um balão de hidrogênio, o mesmo utilizado no Nº 14. Daí, ao batizá-lo, chamou-o de 14-bis, o 14 de novo.

Criticado por um amigo, o capitão Ferdinand Ferber, que considerou o 14-bis uma máquina impura, o aviador brasileiro resolveu então retirar o balão de hidrogênio. Dumont percebeu que, ainda que o balão facilitasse a decolagem, dificultava o voo. Para que ele se mantivesse no ar, o motor de 24 cavalos-vapor foi substituído por um de 50, e então, o biplano de 4 metros de altura, 10 de comprimento e 12 de envergadura, foi batizado pela imprensa de Oiseau de Proie, a Ave de Rapina.

No dia 23 de outubro de 1906, inscrito no Prêmio Archdeacon, Santos Dumont estava no campo de Bagatelle, em Paris, com o Oiseau de Proie II, o primeiro levemente modificado. A roda traseira, que atrapalhava na decolagem, havia sido suprimida. E a seda das asas havia sido envernizada para reduzir a porosidade e aumentar a sustentação.

O biplano decolou na primeira tentativa, às 16h45, ficando 6 segundos no ar e cruzando uma distância de 60 metros, mais que o dobro da distância necessária para a vitória. Reza a lenda que os juízes ficaram tão maravilhados que esqueceram de cronometrar, não homologando o recorde. No entanto, não havia como contestar, e o Oiseau de Proie II, ou 14-bis, foi o primeiro aeroplano internacionalmente homologado naqueles aspectos.

Há alguma controvérsia entre o primeiro voo da história, entre Santos Dumont e os irmãos Orville e Wilbur Wright. No entanto, deve-se lembrar que grandes invenções como o avião são convergências de vários outros experimentos e feitos anteriores, em uma época de intensa atividade científica. Assim como o cinema, o rádio, o balão de ar quente, e várias outras invenções da modernidade, não há um inventor único, apenas aquele que consegue convencer mais pessoas de que foi ideia sua.

Independentemente disso, o 14-bis fez seu inesquecível voo no dia 23 de outubro de 1906, pelas mãos de um brasileiro, marcando para sempre a data no mundo e em nosso país.A data foi transformada em Dia do Aviador pela Lei nº 218, de 4 de julho de 1936, pelo então presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Getúlio Vargas.

A ANAC parabeniza todos os seus aviadores – entusiastas ou profissionais – que mantém o sonho de Santos Dumont (e de tantos outros) em pleno voo!

ASCOM

Fonte: ANAC